domingo, 16 de março de 2008

Malofiej 16 - dia 1

Começou cedo demais e disseram-me que foi polémico, tal como se esperava. A discussão começou na web, umas semanas antes e por lá continuará mas Javier Errea iniciou o dia com o tema "Por qué la infografia salvará a los diarios".

Seguiu-se Alberto Cairo que é sempre um prazer ouvir.
Nota-se o entusiasmo com a manipulação de dados. E interactividade é a palavra-chave.
Cairo define 3 tipos de interactividade para os gráficos online


Instructing - é o nível de interacção simples e mais comum (por enquanto), por exemplo, o simples sistema de navegação de clicar no botão Seguinte e Anterior.
exemplo: Planchar las arrugas

Manipulating - o utilizador modifica o gráfico, dados, cores, etc. Os leitores podem "jogar" com os dados.
exemplo: Qué se puede hacer con 25 m2

Exploring - engloba a criação de espaços virtuais onde onde o utilizador pode viajar. Os jogos online são uma fonte de inspiração e um dos exemplos de Cairo é o World of Warcraft (WOW).

E "uma vez que se prova a interactividade nunca mais se volta atrás".

A simplicidade é um conceito muito importante e, em relação à usabilidade, deve ser visível o que é clicável, ou seja, um botão deve parecer um botão.
As interfaces devem ser atractivas mas devemos ter em atenção que nem sempre o nosso estilo se adapta ao estilo do leitor e seu grau de sofisticação.
Quanto ao WOW não será preciso ler um manual para aprendermos a interagir nesse mundo mas acrescento que, também é preciso estar disponível para uma curva de aprendizagem, maior ou menor. E apesar de eu pertencer à geração que está a fazer a transição do analógico para o digital, no mundo ocidental, também é verdade que as crianças de hoje aprendem sintaxes modernas de comunicação e interacção muito diferentes das nossas. Nos finais dos anos 70 um dos meus brinquedos, altamente sofisticados, era o Pong.

"Vivemos a era da visualização dos dados" e para quem queira debruçar-se sobre a infografia multimédia interactiva, Cairo aconselha a não se assustarem com a quantidade de informação e de recursos tecnológicos (programas e linguagens de programação) com que cada um terá de lidar.
É caso para dizer-se: o caminho faz-se caminhando.

Após uma pausa para um café foi a vez de Michael Robinson falar. responsável da infografia do jornal inglês The Guardian e também, dos estilos para os gráficos do PÚBLICO, quando do redesenho por Mark Porter durante o ano passado, falou-nos do processo de redesenho do The Guardian. As fontes, as cores, a grelha da página, as fotografias e o "controlo de volume" das páginas, fotos e gráficos.
Os gráficos do The Guardian são minimalistas na forma e cor, não no conteúdo. E por isso são simples de ver.
Esquematizar, simplificar, reduzir ao essencial são conceitos que precisam de muito tempo e trabalho para optimizar. E, em muitos casos, julgo que poderiam ser aplicados com sucesso em redacções mais pequenas e com menos recursos. Afinal nem todos podem ter os recursos do The Guardian ou do New York Times.

Ainda antes do almoço foi a vez de Sean McNaughton da National Geographic Society (NGS).
O que impressiona logo, mesmo para quem não conhece a excelente qualidade dos trabalhos desta revista, são os fantásticos recursos e o tempo que têm para cada trabalho. Como exemplo, Sean disse-nos que tinha entre mãos, mais ou menos 10 trabalhos, dos quais uns seriam para acabar ainda este ano, outros para 2009 e quase metade sem data marcada de conclusão. Não existe dead-line, uma infografia está concluída quando assim o estiver.
Os exemplos que mostrou demonstram bem o rigor com que trabalham estes profissionais. Afinal, são infografias científicas e entende-se o porquê do tempo necessário para realizar um trabalho.
Na minha opinião, uma das melhores imagens que vi durante o encontro, e mais tarde vencedora de uma das medalhas de ouro deste ano, foi uma infografia publicada pela NGS em 2 páginas e que mostravam TODAS as visitas do homem ao espaço.
Top of the top.

Almoço livre.

Renata Steffen e o "Mundo Estranho" da infografia.
Mundo Estranho é uma revista brasileira para adolescentes, principalmente masculinos. Por isso, há a necessidade de atrair a atenção deste tipo de leitor, com risco de de este se desinteressar e ir ao encontro de tantas coisas mais apelativas que um texto, como os videojogos ou o cinema e a televisão.
Renata começou a conversa dizendo que não sabia desenhar, de todo. Mas isso não a impedia de ser infografista.
Apesar de preferir outro tipo de tendências em objectos infográficos, é interessante ver as coisas de diferentes perspectivas e a notória criatividade brasileira.

E às 17h00 voltámos a ouvir falar em português. Desta vez foi Jaime Figueiredo, responsável pela área de infografia do Expresso.
O Expresso foi considerado um dos jornais mais bem desenhados do Mundo pela SND. As páginas que têm mostrado por esse mundo fora tem ilustrações minhas, em plasticina. Fico contente. O link para um site onde vou acumulando esses trabalhos feitos em plasticina está aqui: Blogsticina.


Continua dentro de momentos...

Sem comentários: