quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Infografia em PT
O número 35 da JJ - Jornalismo & Jornalistas, a revista do Clube de Jornalistas tem como tema principal uma reportagem realizada pela Helena de Sousa Freitas, sobre o panorama da infografia em Portugal.
Obrigatório. Ver aqui.
Curiosidade: o boneco da capa é meu.
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5 comentários:
O ultimo parágrafo do artigo sobre infografia que saiu na revista do Clube de Jornalistas é uma constatação da falta de conhecimento do que é o design gráfico, que é vulgar em certas profissões, mas que nunca pensei que o fosse pelos jornalistas pelos quais sempre tive maior apreço (pelo menos os isentos). Vejo nesse parágrafo uma tentativa de menosprezar a função do designer na realização de uma infografia ou uma confusão com o artista (gráfico) no que diz respeito aos métodos de trabalhar.
O (Bom) designer gráfico tem competências para organizar (icones e sinais) da informação (comunicativa e, ou publicitária) que um jornalista só terá se realizar um curso de design gráfico e tenha formação tecnológica suficiente para manipular essa informação.
Então caros jornalistas (e Susana Almeida Ribeiro em particular) se estudassem um pouco mais de semiologia, se lessem mais, Humberto Eco por exemplo, se se cultivassem mais em termos linguisticos talvez pudessem compreender que o vosso trunfo é a estilística do vosso discurso e não a forma (gráfica) como é apresentada que é competência dos designers. Pela ordem de ideias exposta o Jornalista a par da cadeira de infografia teria de ter uma cadeira de tipografia, outra de arquitectura gráfica, outra de desenho, geometria, fotografia artística, etc.
O estado da infografia em Portugal é o reflexo do estado do jornalismo em Portugal (e de todas as profissões já agora), que é mau, mas que pode melhorar já todos sabemos. Temos de aprender a trabalhar em equipa e respeitar as virtudes de cada profissão, mas compreendo com o desemprego que por ai anda, tentar alargar as competências de uma classe pode ser vantajoso.
Parabéns às empresas I+G e Anyforms pelo modo como trabalham e já agora ao jornal Público que é uma referência.
Sim, sou designer gráfico licenciado, com master em Barcelona e a fazer doutoramento em Valência sempre na área do design de comunicação (gráfico de expressão).
Caro Jó Serra,
Alguns esclarecimentos:
#1: Quando se refere ao “último parágrafo do artigo sobre infografia” refere-se exactamente a que artigo? Este especial da revista JJ sobre o tema da Infografia tem pelo menos cinco artigos, incluindo a minha entrevista. Se me pudesse transcrever o parágrafo, eu agradecia.
#2: De qualquer maneira, refere que nesse parágrafo os jornalistas (e eu sou uma das visadas) tentam “menosprezar a função do designer na realização de uma infografia”. Meu caro, se houve coisa que norteou a minha tese de mestrado e consequente publicação do livro foi exactamente a vontade contrária. Tal como o Jó Serra, também eu tenho o “maior apreço” pelo trabalho dos designers gráficos. Achei que este trabalho os poderia ajudar. Em momento algum o objectivo foi outro. Presumo que o mesmo é válido para este especial da revista JJ.
De qualquer forma, acho que entendo o cerne da sua crítica: terá achado que eu considero que falta aos designers gráficos a compreensão dos valores-notícia e a “mentalidade de jornalista”. Por outras palavras, que são muito bons no desenho gráfico, mas que falham na altura de perceber como hão-de trabalhar a informação. Para que não haja duvidas, transcrevo e minha resposta na JJ a esse propósito:
“JJ – Numa boa infografia, há um maior domínio da arte ou da técnica jornalística?
SAR – É preciso um bom domínio de ambas as capacidades. Neste ponto há divergências. Alguns especialistas [não eu] dizem que é preferível um infografista ter uma boa capacidade artística (que tenha competências a nível do desenho gráfico), porque o resto – a sua sensibilidade para o que é jornalisticamente relevante – acabará por vir ao cimo. Outros autores, nomeadamente o reputado infografista espanhol Alberto Cairo [não eu] (que foi editor da secção de infografia online do “El Mundo” e que presentemente dá aulas na Carolina do Norte), acha preferível ter a trabalhar consigo uma pessoa que tenha boas noções jornalísticas, ainda que as suas capacidades artísticas não sejam as melhores. Para que não se caia em posições exclusivistas, defendo [agora sim, sou EU que defendo] a existência de uma dupla dinâmica nas redacções: um jornalista e um designer que trabalhem em estreita parceria”.
Como vê, sou adepta do trabalho em equipa e do concílio de talentos. Nesse aspecto concordo consigo, quando diz que “temos de aprender a trabalhar em equipa e a respeitar as virtudes de cada profissão”.
#3: Eu estudei o suficiente de semiologia na faculdade para perceber que os termos que são rigorosos nos meios académicos nem sempre são eficazes a uma leitura que se pretende mais abrangente. Sobretudo se estamos a falar de uma entrevista a uma revista, ainda que destinada aos profissionais da comunicação. Se me explicar exactamente quais os conceitos que usei de forma indevida ou em que aspectos é que eu tenho que me cultivar “em termos linguísticos”, fico-lhe muito agradecida.
#4: Concordo consigo quando diz que “o estado da infografia em Portugal é o reflexo do estado do jornalismo em Portugal (...), que é mau, mas que pode melhorar”. Mas não é a criticar quem faz trabalhos isentos, sem ideias pré-concebidas nem interesses exclusivistas que vamos lá.
Cumprimentos,
Susana Almeida Ribeiro
Se o Jó Serra lesse mais Umberto Eco, saberia que este Umberto se escreve sem H.
Miguel, obrigado pela dica, vou ter mais atenção ao corrector ortográfico do Google nas caixas de comentários. Peço desculpas e fica a nota. O autor Umberto Eco (Itália, 1932-…) é sem "H", não se escreve como o nome próprio Português, Humberto com "H".
Cara SAR
Quero agradecer a sua resposta às minhas dúvidas, e felicita-la pela tese e livro que muito vem acrescentar ao Jornalismo e poderá acrescentar algo design em Portugal. Não a quero criticar a si (SAR) directamente, nem ao seu trabalho, que é isento de opinião como o deve ser qualquer trabalho cientifico. Estou a referir todos os Jornalistas e SAR em particular pela entrevista prestada na qual resumidamente nesse último parágrafo deu a entender o que se passa no meio jornalístico.
Concordo 100% com o seu comentário sobre a semiologia e a dificuldade de a traduzir do meio académico para outro mais abrangente. O meu comentário, ou pedido, sobre a eficaz aplicação que o jornalista em geral e SAR em particular deve fazer com as palavras é este:
a)
Definir etimologicamente infografismo, que vindo de grafismo de informação, pode ser uma tabuleta, um mapa, uma página com texto, imagem e legenda, uma ilustração, ou até entrar no campo da ilustração cientifica. Mas neste caso só estamos a falar do Infografismo Jornalistico. Certo? Sendo este o caso é uma especialização do Design de Comunicação (vulgarmente conhecido como Design Gráfico ou eventualmente WebDesign).
b)
Tal como JJ pergunta: "Numa boa infografia, há um maior domínio da arte ou…".
Mas quem está a falar de arte, não estamos a falar de design?
Tal como SAR, escreve: "…tenho o maior apreço pelo trabalho dos designers gráficos. (…) são muito bons no desenho gráfico, …"
Aqui está outra confusão, é como escrever: gosto muito dos arquitectos, são muito bons no desenho de construção. Como se o arquitecto vivesse engavetado dentro de um atelier, sem "ver" o terreno, conhecer os clientes, utilizadores, as redondezas, etc.
O designer gráfico faz "design gráfico", e o desenhador gráfico faz "desenho gráfico" que são duas coisas distintas. É claro que um designer gráfico faz desenho gráfico, mas com a sua formação cientifica e tecnológica pode e deve ambicionar mais, embora hoje seja essa a atitude generalizada dos meus colegas preterindo a formação cientifica em prol das tecnologias tornando-se em "simples" desenhadores gráficos. Neste caso não necessitavam de ter uma licenciatura.
Com mais tempo poderia enunciar as muitas diferenças entre desenho e design, mas basta olhar para o Castelhano que tem "dibujo" e "diseño" no seu dicionário. Neste ponto estou disposto a trazer de lá (Espanha) para cá o conhecimento, lançando criticas, comentando e citando. Sabia que a palavra "Debuxo" era utilizada por cá nos Séc. XVIII e Séc. XIX nas Belas-Artes do Porto existindo também as aulas de "Desenho" mas com objectivo mais técnico-industrial (ex: aula de desenho da Casa Pia, 1781 d.C.), agora nós actualmente, e infelizmente, rende-mo-nos ao anglo-americanismo.
Neste contexto a sua investigação ainda pode ser completada. Quando escrevemos sobre algo temos de conhecer com exactidão sobre o que escrevemos. Posso por exemplo aconselha-la a ler os Referenciais de Formação do IEFP (que não são lá muito bem feitos, deviam ser mais restritos a competências técnicas) sobre o curso de Técnico de Desenho Gráfico e compara-los com a estrutura de uma licenciatura em Design de Comunicação.
A designação de Design de Comunicação, dá uma ideia mais completa do que é o curso, que actualmente quase todas as instituições de ensino superior estão a adoptar devido a proliferação de pseudo cursos de Design Gráfico (FLAG, Restart, Tecla, Rumos) onde apenas é abordada a componente tecnológica que não formam nem desenhadores e muito menos designers. Note-se que algumas instituições apenas licenciam (3 anos) Designers deixando a especialização para os seguintes 2 anos (Mestrado). Como uma boa referência aconselho a Escola Superior de Artes e Design em Matosinhos (www.esad.pt). Alguma boa informação está também disponível em: www.and.org.pt e www.cpd.pt
Resumindo: O Designer de Comunicação Gráfica, para não referir outra especialização, tem como competência conceber (conhecimento cientifico) e realizar (conhecimento técnico) infografias para papel ou monitor. O desenhador gráfico tem competência para realizar infografias segundo textos e imagens de Jornalistas com o apoio das maquetas e imagens realizadas por Designers de Comunicação Gráfica, (…?). Tão simples, não necessita de citações basta comparar currículos académicos e profissionais.
Foi este o enquadramento que não vi referido, não consigo então perceber se os jornalistas trabalham, ou preferem trabalhar, com:
a) Técnicos Gráficos sem formação cultural, artística e cientifica (dos cursos livres que proliferam pelo pais);
b) Desenhadores Gráficos (12º ano);
c) Designers de Comunicação Visual ou Gráfica (vulgarmente Designer Gráfico), Licenciatura + Master (para formar profissionais especializados), note que só neste caso poderemos estabelecer uma comparação com o Jornalista Licenciado.
Se, então tal como eu entendi, estamos a falar de licenciados e eventualmente de especialistas.
Perante tal e quando cita: "…essa “formatação” automática por imersão que se espera que os designers recebam…", mas porque esperam tal os Jornalistas? porque não aceitam o que o discurso visual dos designers tem a acrescentar.
"…um designer gráfico começa a assimilar por osmose os critérios jornalísticos.…" porquê? o designer tem os seus próprios critérios assentes na Psicologia da Percepção, na Geometria, na Estética, na Gestão (metodologia projectual) entre outras Ciências.
Não seria melhor trocar a osmose, que nem compreendo bem o que é, por simbiose ou mutualismo.
"…É preciso um esforço por parte do designer para entender alguns valores-notícia…", manipulação da informação visual? tal como muitos jornalistas fazem com a textual. Certo, já percebi, já não é suficiente o quem, o quê, onde, quando, como e porquê. Tudo bem desde que dê lucro. Aqui concordo, é só saber interpretar a informação que o jornalista fornece.
Resumindo: querem-nos impor os vossos valores ou trabalhar connosco? Afirma que se norteia pelo querer conciliar as duas profissões mas relata o que é uma tentativa clara de impor um discurso a outro. No entanto não é caso único também se passa o mesmo com o discurso de Marketing. No entanto quando surge um discurso gráfico inovador já é o design a impor-se, veja-se o exemplo do Tag Cloud.
Jorge Serra
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