quarta-feira, 11 de junho de 2008

Propaganda

A primeira vez que fui ao Malofiej foi em 2004. Nesse ano, em Pamplona, tive a oportunidade de ver e ouvir uma das figuras mais fascinantes do mundo da infografia, Nigel Holmes. No final da sua intervenção, Nigel Holmes distribuiu uma folha A4 pela assistência, com os Do's and Dont's dos gráficos de barras.
Nessa cábula há uma solução apontada como a mais correcta de comparação entre dados e que gera sempre polémica entre infografistas.

A semana passada ofereceram-me um folheto propagandista, em francês, que faz uma análise visual da intervenção britânica na 1ª guerra mundial. Muitos dos quadros comparativos, usam precisamente, a solução que Nigel Holmes apresenta como um exemplo a não fazer.

Acho que não devemos ser fundamentalistas e que, dependendo do tipo de dados, de target e meio da mensagem, não devemos ter limites.

Na minha opinião, num exemplo mais concreto, imaginemos uma infografia simples que apenas quer transmitir uma diferença quantitativa, de forma imediata, para um público juvenil. Talvez a solução de aumentar proporcionalmente o objecto, comparando assim duas ou mais quantidades, não seja assim tão mau. Pode até ser a melhor forma.
No caso de dados que necessitem de ser visualizados e comparados de forma mais rigorosa, então talvez possamos seguir à risca o documento de Nigel Holmes que, desde essa altura, distribuo sempre aos estagiários que por cá passam.

Convido-os a deixar a vossa opinião.


- Link para A4 de Nigel Holmes (integral): A few things to remember when making charts
- Links para páginas propagandistas da 1ª Guerra Mundial: Página 1, centrais e última.
- Link para o site de Nigel Holmes.


6 comentários:

Patrícia Proença disse...

Em primeiro lugar, parabéns pelo blogue! acho fantástico! Eu também acho que Nigel Holmes exagera ao querer fazer de uma regra dessas uma regra-geral! Seria demasiado simples, não é? gosto de pensar que as regras se formam, muitas vezes, a partir das excepções que a natureza de cada projecto sugere.
Como apreciadora da sua área (sou designer), pergunto-lhe: há questões que pedem um tratamento gráfico menos factual (não me ocorre agora melhor palavra) e, em que, destacar a especificidade dos números, ofusca a própria mensagem, não há?

Mário Cameira disse...

Olá Patrícia,

Em primeiro lugar, obrigado!

E em segundo, obviamente, concordo.
Só existem 3 maneiras de representar uma diferença entre 2 ou mais valores: ou se usa uma solução visual, tipicamente infográfica, que se distingue pelas áreas que se comparam (quer sejam barras, queijos, bolas, bonecos, manchas, pontinhos, quadrados e/ou o que se preferir), ou usamos os próprios números, o que também não deixa de ser uma excelente forma de fazer passar a informação, já que os números também pertencem a uma linguagem visual e universal. E ainda reflectem valores exactos.

A 3ª solução é mista, o que ajuda a ter 2 leituras, uma mais imediata, de comparação de áreas e uma segunda leitura, mais demorada, que aprofunda a informação.

Cada infografia depende SEMPRE do assunto, do meio, do estilo e do target.

Apesar de tudo, é importante que existam regras-gerais para que possamos compreender melhor as excepções.

Patrícia Proença disse...

Olá Mário,

grata pela explicação. Quando retratam certos assuntos da actualidade (e não só), os números falam quais "imagens brutais"; integrados em infografia... ganham expressão. É um paradoxo interessante, esse.

andré disse...

Boa tarde,

Mas a questão está para além daquele que é o público-alvo da infografia. Por ser mais apelativo, ou até mais adequado não quer dizer que esteja correcto. Se se aumenta a altura quatro vezes, o volume varia de forma distinta, e num gráfico desse tipo o que interessa é o volume, não a altura.

O que aqui está em causa é, a cima de tudo, uma questão de precisão, não de beleza do trabalho gráfico.

André

andré disse...

Boa tarde,

Mas a questão está para além daquele que é o público-alvo da infografia. Por ser mais apelativo, ou até mais adequado não quer dizer que esteja correcto. Se se aumenta a altura quatro vezes, o volume varia de forma distinta, e num gráfico desse tipo o que interessa é o volume, não a altura.

O que aqui está em causa é, a cima de tudo, uma questão de precisão, não de beleza do trabalho gráfico.

André

Andre' Serranho disse...

Indo contra as outras opiniöes, acho que Holmes tem toda a razäo no exemplo apresentado.

Realmente a "2.a maneira" de representar é altamente enganadora, como tal preferida por quem quer "dourar a pílula" ou fazer propaganda--como depois aparece no folheto... propagandístico!